É curioso como eu fico sempre com aquela dor de barriga característica do nervosismo quando estou prestes a ver o meu novo horário escolar. Mas fico mesmo. Mais do que quando se trata de conhecer a turma (talvez por já saber que será a mesma de sempre).
Dentro de uma semana começa a etapa 11 de uma caminhada que não sei onde terminará. E por isso apetece-me falar do ano passado. Ficava bem se eu escrevesse agora que o 10º ano tinha sido fantástico, que tinha conhecido amigos que esperava nunca mais perder, e que foi tudo muito bom de recordar. Mas não foi.
As pessoas foram as mesmas de sempre, e se houve novas entradas, não representaram certamente algo de bom para a turma. Mas a própria definição de turma é muito difícil de se fazer. «Turma» faz-nos lembrar um grupo de pessoas mais ou menos amigas que se dão bem, e que são unidas devido ao facto de passaram meses obrigatoriamente juntos.
No meu caso, esse facto não implicou a união. Mas a própria união é difícil quando estamos no meio de pessoas que se acham superiores a outras, em que a vontade de querer ser adultos os leva a fazer infantilidades a toda a hora, e que, na minha opinião, são totalmente desinteressantes enquanto pessoas (grande parte).
Mas esta definição pode assustar demasiado. Na maior parte dos dias o ambiente nas salas era aparentemente bom, em que todos se dão bem. Ainda que para isso fosse preciso um emaranhado de intrigas e falsas aparências entre eles. Mas não vou perder mais tempo com gente pequenina, senão corro o risco de parecer uma daquelas raparigas deprimidas que gostam muito de Tokio Hotel.
Apesar de tudo, houve momentos bons. As horas que passei a provocar as professoras de geografia e história. O pouco jeito da professora de inglês. A vontade de «dinamizar» da professora de espanhol. As piadas e secas do professor de filosofia. As completamente secas da professora de história. O kisomba da professora de geografia... Quanto a português e ed. física, não há muito para dizer. Foi um ano que não correu pelo melhor à professora português, e sobre ed. física apenas posso dizer que sou incompatível.
Na próxima semana regressam estas coisas todas, as más, as pouco más, e as boas. Já estou a imaginar que passaremos o primeiro período a elaborar uma planta da sala que evite as conversas, mas que depois não dá em nada... Que o director de turma gaste as primeiras aulas a descrever os seus anseios para este novo ano (este é que vai ser o importante), entre outras coisas muito fascinantes. E deixo ainda um palpite, qualquer coisa me diz que não voltarei a ser eleito para o importante cargo de delegado de turma... =D
[Para breve um post sobre o Avante]
Nesta última semana tenho tido bastantes oportunidades de debater ideologias, quase sempre políticas. Chego a querer evitar este tipo de situações por ter consciência que estou a caminhar cada vez mais para uma responsabilidade política no futuro, e mesmo que a política seja algo que me inspire, não sei se será o que mais desejo. Como já disse noutro post, os debates fascinam-me. Mas têm tanto de fascínio como de desalento. E refiro-me à sensação de inutilidade com que fico no final das discussões, por vezes. Mas corre-se riscos em tudo, e isto não é excepção.
Hoje, a minha escola recebeu a vinda de duas funcionárias da representação da comissão europeia em Portugal, numa iniciativa que se realizou em mais 50 escolas e em mais 5 países da UE. Também aí fui dos poucos a participar. Eu evito, mas a inércia dos outros é tanta que eu não resisto. =p
Ah, a ministra da educação também tinha planeado fazer hoje uma visita surpresa à minha escola. Surpresa, provavelmente para evitar manifestações planeadas. Mas, pelos vistos, a estratégia não funcionou na escola visitada durante a manhã, e a reação (estúpida) dos alunos provocou-lhe má disposição e a senhora já não veio durante a tarde, como era suposto. Continuamos a esperar por ela. =p
[Não posso deixar de fazer uma referência ao episódio protagonizado hoje no Jornal Nacional da TVI por Marinho Pinto. Talvés só a exaltação excessiva tenha denegrido um pouco a critica justa ao jornalismo praticado naquele jornal. É pena que isto não tenha chegado mais cedo, para que um certo tipo de jornalistas demagógicos tenha consciência que o público português não é todo estúpido, se bem que, por vezes, é isso que parece.]
[professora de história]
"-Deixa lá, se ele quer ser estúpido deixa-o ser... Oh David, desculpa, não era o que queria dizer. És só palerma."