2h11 - Estou na cama, pronto para dormir, enquanto o sono me der tréguas. Gostava de ter tido tempo e iniciativa de escrever isto mais cedo. É evidente que a minha relação com o blog anda bastante distante, e não tenho motivos para me desculpar. Talvez aquela história de que perdemos algumas virtudes próprias da infância à medida que crescemos seja verdade...
Apesar disso, Natal é Natal. É uma altura que me obriga a pôr de lado a história de não ter inspiração, vontade, ou o que for. E de facto, hoje sou obrigado a escrever. Não é uma obrigação imposta feita a mim próprio, mas sim um sentimento inato de que o dia de hoje merece uma reflexão.
Gostava de ter tido tempo para rever os textos que escrevi nos anos anteriores... De De reflectir, de imaginar, e de pensar. Pensar naquelas coisas em que pensei no ano passado, daquele desejo de omnipresença de que falei. Gostava de me ter voltado a llembrar do faroleiro perdido no meio da escuridão, por exemplo.
Hoje não consegui fazê-lo. Não consegui isolar-me e abstrair-me da confusão exterior por uns minutos como era normal. Mas não quero pensar que isso significa uma mudança na minha forma de pensar e de ver o mundo. À medida que crescemos (e que vamos perdendo algumas virtudes), passamos a ter que pensar noutras coisas. Pensamos no passado, e percebemos como o mundo mudou à nossa volta. Pensamos no futuro, e tentamos prever como será a trajectória seguinte dessa mesma mudança. Entendemos que a realidade é algo que muda a cada instante e de uma forma tão rápida que nem nos dá tempo para dela desfrutarmos como devia ser. Entendemos que somos apenas marionetas da causalidade e personagens de uma história que não escolhemos protagonizar.
Hoje o meu pensamento foi fiel a si próprio. Deixou-se de coisas e limitou-se àquilo que sempre fez. Observar o mundo como uma história e colocar-me a mim como a personagem principal. Mas algo me diz que esta história ainda vai demorar mais algum tempo. Para o ano conto-vos o episódio seguinte… Bom Natal para todos!