Sexta-feira, 5 de Março de 2010

Igual, mas com mau feitio

-Tens noção de que nunca conheci ninguém como tu...?

-Tenho. E provavelmente não irás conhecer muitas mais.

-Pois não.

 

-No outro dia estive a dançar esta música no quarto, de boxers e phones nos ouvidos.

-Não posso. Tu?

-Sim, porquê?

-Ahah.

-Às vezes devem pensar que eu sou um extraterrestre, diferente das outras pessoas...

 

Estas conversas passaram-se entre mim e uma pessoa que me admira. Não me me admira pela positiva nem pela negativa, simplesmente acha-me estranho, diferente do que está habituada. No dia-a-dia tento sempre mostrar uma faceta própria, distinguir-me, transmitir o lado de mim que gostava que as pessoas se lembrassem quando tivessem que me caracterizar. Muitas vezes deixo-me levar, e mais tarde percebo que não consigo fazer passar bem o que sou. Oiço injustamente que sou frio, arrogante, competitivo, convencido. Respondo levianamente que não me importa o que dizem, mas é mentira.

Independentemente disso, e independentemente do que dizem, eu acho-me realmente diferente. Sobretudo na maneira de pensar, já devem saber. No entanto, existem factos que persistem em relembrar-me à força que não sou diferente, sou igual. Quando o sofrimento me afecta tal como afecta toda a gente, quer tenham pensamentos filosóficos ou não, ou quer tenham uma moral que tentem respeitar ou não, eu percebo que sou tão vulnerável a ele como qualquer outra pessoa.

E ultimamente tenho sentido isso mesmo. Como os meus sonhos cresceram, a vida encarregou-se de me faze-los tentar esquecer também, de uma forma subtil, e com um toque de crueldade que só ela sabe dar. Ela, a crueldade, tem vindo de todo o lado, e eu já não estava habituado a ela.

No entanto, como gajo frio que sou, tenho de continuar a ir para as aulas de história mandar bocas à professora de história, como se tudo o resto me fosse indiferente, e tivesse uma vida normal como toda a gente, para que a V. não consiga decifrar nos meus olhos nada além de um gajo diferente dos outros, com mau feitio.

música: Keane - Bedshaped
sinto-me:
tags: ,

publicado por david. às 20:06
link | comentar | favorito
2 comentários:
De Matilde :) a 7 de Março de 2010 às 14:22
somos todos diferentes.
Não te procures, simplesmente encontra-te. Não és tu próprio quando tentas comportar-te de determinada maneira...

e olha, se a rapariga te admira, nao ha nada q possas fazer para q ela nao te admire! portanto, vê se não a afastas :)

Beijinhos!


De Lena a 7 de Março de 2010 às 22:15
Ser incomum é bom...mas é claro que o sofrimento te ataca de igual forma. Acaso pretendias não ser humano?

Espero que consigas manter essa tua faceta ("para que a V. não consiga decifrar nos meus olhos nada além de um gajo diferente dos outros"), se isso te faz sentir bem...


Comentar post

.contra


. perfil

. amigo ou colega?

. 27 seguidores

.pesquisar

 

.posts

. De vez em quando

. Tempo

. Coisas boas

. Trabalho de Psicologia / ...

.já passou

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Outubro 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

.links

SAPO Blogs