Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2010

Está sempre lá...

-Porquê que tu és assim?

-Não sei, sou diferente...

-Tu não és diferente! Tu queres ser mas não és, és igual a todos os outros!

 

O diálogo de hoje não se relaciona muito com o que vou escrever, mas mesmo assim quis partilhá-lo aqui devido à violência que estas palavras têm em mim. Afecta-me muito mais ser conotado como igual aos outros, do ser visto como diferente. Se calhar este facto prova que a diferença assenta mais em mim como um desejo, do que como uma realidade. 

Não sei se sou igual ou não. Sei que tive um crescimento diferente e que não me sinto, nem quero ser, igual à maioria dos jovens da minha idade. Um sentimento que algumas pessoas pensam ser egocentrismo. Devido a ter crescido sozinho, aprendi a conhecer-me melhor, a fazer perguntas e a gostar de mim próprio. Apenas isso. Perguntas que uns fazem mais, outros fazem menos, e que alguns nem fazem.

Ultimamente as minhas perguntas voltaram-se novamente para aquilo que existe depois da vida, tal como a conhecemos. O meu afastamento da religião, e o facto da morte ter circundado a minha família recentemente estão na base destas dúvidas.

Tal como as crianças ficam a sonhar com um filme de terror, também eu fiquei assustado depois de ter visto uma urna reaberta com o cadáver coberto de larvas, no filme do Sherlock Holmes. Pronto, o cenário não é o mais agradável, mas depois de ultrapassada essa parte vieram as interrogações acerca do melhor destino a dar aos mortos. Seguiram-se as obvias dúvidas acerca daquilo que existirá ou não após a vida. Para algumas pessoas deverá parecer estranho, mas devo também dizer que um dos pensamentos que mais me passa pela cabeça é precisamente imaginar o meu funeral, se fosse hoje.

Após tudo isto, recordo-me do meu dia de aniversário quando um carro não abrandou, comigo no meio da passadeira. Hoje, depois de pensar em acidentes e atentados no metro, caminhava ao longo do passeio e apercebi-me da pouca distância que me separava do autocarro que seguia a grande velocidade mesmo a meu lado, pronto a levar qualquer coisa à frente. Percebi que apesar da morte ter uma data de encontro marcada connosco, está sempre lá, à espera que demos um passo em falso.

Hoje despedi-me da pessoa de quem mais gosto com a sensação de que era a ultima vez que a via. Apetece-me respirar fundo.

 

sinto-me:
música: The Gift - Nice and Sweet
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publicado por david. às 23:15
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