-Mais um aninho e é a carta, não é?
-Não, não quero... Daqui a dois anos espero sair daquí. E não preciso de carro.
-Queres sair daqui?!
-Sim. Para a universidade.
-Ah, pensava que era para o estrangeiro...
-Não. Acho que nunca irei para o estrageiro, não gosto da ideia.
-Ah, ainda bem. Assim é que é.
É mais um menos consensual que quando se tem blog fica bem escrever algo acerca do nosso aniversário, mas também é verdade que não sei por onde começar. Nunca me deixou muito feliz a ideia de fazer anos, e de ficar mais velho. Nunca tive uma festa como queria, porque também nunca gostei muito de festas. Nunca gostei muito de agradecer os «parabéns» que me desejam, porque também não é coisa que faça muito. Os meus dias de aniversário até costumam ser tristes. Factos que neste momento fazem com que me esteja a sentir um pouco incomodado com a imagem que deixo, pareço um insensível. E não sou.
Apetecia-me mais falar da minha sensibilidade, ou do excesso de egocentrismo de que me acusou hoje o meu professor no meio da aula, ou da mágoa que deixei na minha avó por lhe ter dito que o presente que me podia oferecer seria não me pedir que a beijasse constantemente.
Agora, porque faz falta uma conclusão, digo que o dia não foi mau. Estive na cidade de que mais gosto com quem mais gosto, não fui às aulas, senti-me autónomo a tratar de assuntos importantes, podia ter sido atropelado (alguma emoção também é giro), comprei coisas, apanhei chuva, fui ao médico, andei de metro, fui ao cinema, e no meu dia de anos fui eu que dei uma prenda!