-Se por acaso eu me enganar em alguma coisa, avisam-me certo? Ou fico logo impossibilitado de fazer os exames?
-Enganares-te como?"
-Por exemplo se me enganar num número.
-Mas nós estamos aqui a ver e sabemos como se faz. Não te preocupes!
Desde sempre que me lembro de gostar da sensação de comerçar coisas. Começar grandes viagens, por exemplo. Ontem comecei uma, a minha jornada até à universidade. Ao contrário de algumas pessoas que têm a vida facilitada, a minha incursão no ensino superior não será fácil. Entre outras coisas, a questão financeira é a mais difícil. No entanto sinto-me fortemente e estranhamente motivado e optimista!
A inscrição nos exames já está, agora venham eles, geografia e espanhol não me intimidam! ;)
Tenho de dizer, ainda que com muita tristeza, que a minha família não de todo aquela que eu gostava de ter. Quando nos livros, na rua ou nos blogs oiço pessoas a falar de familiares com uma personalidade muito bonita ou um carisma muito peculiar fico com vontade de ripostar, como me acontece sempre em qualquer que seja o assunto. Mas neste, tenho de ficar calado. Não tenho dessas pessoas na família, e não há como fugir.
A generalização que acabei de fazer não tem em conta casos excepcionais. Claro que cada pessoa tem sempre um lado bom e um lado mau, e eu não tenho apenas familiares com um lado mau maior que o lado bom.
O meu avô que morreu em Maio distiguia-se pela sua inteligência, pela tolerância, pelas brincadeiras que fazia, e certamente por muitas outras coisas que eu infelizmente não descobri. Não merecia a maneira como morreu, mas há-de ter ficado contente ao ver a multidão que se quis despedir dele pela última vez. Possivelmente voltou a ficar triste com outras coisas que se passaram daí para cá, muitas protagonizadas por mim mesmo, mas nada que eu pudesse evitar.
Se pensar na minha família paterna a tarefa de encontrar pessoas com um lado bom muito grande torna-se mais difícil, é verdade, mas existem. Assim à primeira impressão lembro-me da tia Alzira. Não sei se era uma pessoa muito boa, mas distinguia-se e não era pela negativa. Quando ela me surprendia com brincadeiras ou com piadas próprias de crianças eu interrogava-me. Onde é que ela tinha ido buscar aquela maneira de ser tão jovial, tão diferente das irmãs? Era das pessoas de que gostava mais, apesar de ela não saber isso.
Acho que não voltei a vê-la desde aquele dia em que fui com a minha avô visitá-la ao Hospital de Santa Maria, julgo que no natal de 2008. A partir daí ela deixou de rir, e hoje morreu. A minha família está pior.
[Acho que as fotografias, além de momentos, revelam emoções e sentimentos. Pelo menos, as mais marcantes. Já não sei bem o que me passou pela cabeça quando resolvi tirar aquela fotografia enquanto estava no carro, abrigado do frio, à espera que a delegada de saúde chegasse para confirmar o óbito do meu avô. Acho que foi para retrarar a morte.]
Hoje expor uma opinião minha, pode ser que consiga persuadir alguém.
O estudo do texto argumentativo nas aulas de filosofia e português obrigaram-me recentemente a puxar pela cabeça nos testes para dar o meu melhor nesta que esta é, possivelmente, a minha área forte. Naquelas composições onde por vezes o que se torna importante é fazer algo que o professor goste, e não aquilo que nós gostamos, lá encaixei tópicos como o poder da publicidade, do discurso político, etc.
A influência que as técnicas persuasivas têm na sociedade é muito grande, grande demais, digo sem qualquer dúvida. Ao contrário do que se poderia pensar, uma sociedade com mais liberdade e mais informação à sua disposição não é uma sociedade mais livre e mais informada. Isto é claro, e está à vista de todos.
Quando se pensa nestes assuntos é provável que nos lembremos da publicidade ou da política, como já referi, são os exemplos mais óbvios. Aborrece-me pensar nos miúdos que se deliciam a ver coisas como os Morangos com Açúcar. Ou nas mulheres que se fascinam a ler a revista Maria. Ou nos jovens que consumem álcool ou tabaco como ritual de iniciação. Devo dizer que minha mente repudia a forma como essas pessoas se deixam levar pela persuasão que vêm na televisão, ouvem na rádio, aprendem na escola, na família, onde quer que seja...
No entanto, até que ponto me julgo eu livre desta espécie de conspiração social que apela ao consumo e à ignorância? Quer seja mais ou menos, sou sempre condicionado pela música que passa na rádio. Pelo anúncio engraçado que passa no cinema. Pela t-shirt gira que não resisto a comprar. Não sou imune a nada disto e por mais que queira, não consigo deixar de fazer parte daquilo que considero ser uma degradação da sociedade.