Esta é a nova imagem do Contraditório. Não é a melhor, eu sei, mas é a possível. Andei algum tempo a tentar fazer alguma coisa apresentável. Como não consegui, resta-me lançar o apelo a alguém que o consiga, para se voluntarizar! =p
Entretanto, e como já estava farto de ver sempre o mesmo design à vários meses, resolvi criar este. Que será mais ou menos provisório. Espero...
É tudo por hoje. Fui!
A política sempre me fascinou. E por isso o desejo de visitar o palco da governação nacional já existia em mim há algum tempo, mas apenas hoje tive essa oportunidade. Fui finalmente ver de perto o Parlamento, os deputados, o presidente da república, e o governo de uma só vez, aproveitando a sessão solene do 25 de Abril.
Assim, como anormal é o meu gosto pela política, também é estranho o especial interesse que sempre demonstrei pelo 25 de Abril. No fundo, todos os anos se repetem as mesmas celebrações, passam os mesmos filmes e documentários, e ouvem-se as mesmas músicas. Essas mesmas músicas que provocam em mim alguma nostalgia e até emoção.
Não tenho dúvidas que respeito muito mais esta data, que muitas outras pessoas que a vivenciaram. E em relação àquelas que não a respeitam simplesmente, não consigo sentir outra coisa que não seja revolta e vergonha.
Mas até essas pessoas, as que não sabem valorizar o significado que representou a mudança, me dão inspiração e vontade para continuar a respeitar e dignificar a democracia. E esse respeito passa também cada vez mais por uma outra outra vontade... A de poder contribuir na construção de um Portugal melhor. E fazê-lo através da forma mais directa possível, com ideias, ideais, mudanças, e vontade basicamente. É inevitável não ser rotulado com a ingenuidade da idade, mas não importa. Prefiro a ingenuidade do que a ignorância. E quanto à minha contribuição, infelizmente, ainda não posso fazer muito. Por agora...
[Espero que não tenha ficado um discurso demasiadamente político]
"-Viver nesta época devia ser espéctacular... Para os que viviam bem claro."
"-Todas as épocas são sempre boas para quem vive bem."
"-Sim, mas quem é que vive mal hoje?"
No outro dia fui ao Mosteiro dos Jerónimos. E foi lá que possivelmente falei com uma das pessoas que mais mal vive, das que conheci em toda a minha vida.
Alguns momentos antes, no Mac Donalds uma rapariga morena, jovem e bonita encontrou-me entre o seu caminho. Nunca gostei de virar a cara a ninguem, e por isso, também não gosto de virar a cara a quem me pede alguma coisa. Mas não sou como a maioria das pessoas que afirma não gostar, mas depois fá-lo com uma naturalidade genuína da sua consciencia. Apesar de eu também o fazer na rua, no metro... enfim, sempre que vou a Lisboa, não podia fazê-lo a ela. Eu a comer, e ela à espera do que quer que fosse, mesmo alí ao meu lado. Não dava para desviar o olhar. Tanto assim que aceitou os dez cêntimos que eu lhe dei.
Eu tinha a esperança que ela não os quisesse, e assim encontraria uma desculpa para a minha consicencia. Mas aceitou, e agradeceu. Não tive desculpa.
Infelizmente não senti muitos remorsos pelo que lhe tinha dado. Ela podia estar a mentir, podia apenas não querer trabalhar, podia várias coisas.
Pouco tempo depois, voltei a cruzar-me com ela no Mosteiro. Estava agora sentada num degrau mas com o mesmo olhar nu e opaco. Tive vontade de conhecer a vida dela. E como tive vontade, perguntei-lhe, depois de hesitar um pouco. E ela não teve poblemas em responder-me. Disse-me algumas coisas. Poucas mas muitas ao mesmo tempo, que pareceram tudo menos mentiras. Coisas que eu tinha vontade de resolver, de ajudar a ultrapassar. Mas a minha única ajuda, foram os dez cêntimos...
Se ela não tivesse que fugir da polícia, que proibia a mendicidade no Mosteiro, teria-lhe provavelmente dado mais algum dinheiro. Mas espero que o valor que lhe dei por uns minutos, lhe tenha servido de algo. Ela agradeceu, mas não sei.
[professora de história]
"-Deixa lá, se ele quer ser estúpido deixa-o ser... Oh David, desculpa, não era o que queria dizer. És só palerma."